Conselhos profissionais denunciam falta de fiscalização e pedem fim do EaD nos cursos de saúde
15 de junho de 2023 – Atualizado em 29/06/2023 – 12:08am
O crescimento exponencial da oferta de vagas nos cursos de ensino a distância (EaD) na área da saúde autorizados pelo Ministério da Educação (MEC) foi o tema central de audiência pública realizada pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, na segunda-feira (5).
O presidente do Conselho Federal de Medicina veterinária (CFMV) Francisco Cavalcanti de Almeida, participou da reunião e lembrou que a autarquia entrou com duas ações cíveis públicas, solicitando a suspensão de novos cursos de Medicina Veterinária por cinco anos e a proibição do ensino na modalidade virtual.
Cavalcanti também destacou o trabalho realizado pela Comissão Nacional de Educação da Medicina Veterinária (CNEMV/CFMV), que analisou o desempenho de 215 instituições que participaram do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), em 2019, e constatou que, 144 dessas instituições tiveram notas entre 1 e 3.
Cavalcanti ainda destacou a importância da união entre os conselhos profissionais e o Poder Legislativo na defesa da qualidade do ensino superior em benefício da sociedade.
“Nosso compromisso é com a sociedade. Não nos interessa volume, mas sim a qualidade. E a gente está vendo que 90,5% dos cursos privados tiveram notas um, dois e três. Isso é um absurdo. Isso é não respeitar a sociedade”, acrescentou.
Em consonância com os dados apresentados pelo CFMV, a presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares, Elizabeth Guedes, defendeu que o MEC amplie a fiscalização dos cursos.
“Ensino EaD nas áreas da saúde é muito complicado, ainda mais sem avaliação. A questão não é se eu vou fazer EaD ou não. Cursos de saúde têm que ser presencial. O problema é que nós não avaliamos e não fechamos. Cadê a supervisão do MEC?”, questionou, ao ressaltar que cursos mal-avaliados e abertos desordenadamente desmoralizam toda a cadeia do ensino.
“Nosso compromisso tem que ser, primeiro, com a qualidade do ensino; segundo, com as condições de trabalho dos professores; e em terceiro, com a sobrevivência da instituição. Temos que fechar as escolas que não funcionam bem e punir esses empresários”, afirmou.